quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A propaganda além dos olhos! (parte I)

          
        
         Embora este texto seja mais técnico e mais acadêmico que a maioria, ele se faz necessário para que entendamos a série que iniciamos hoje sobre a propaganda, sua construção, elaboração, prática e desenvolvimento em seus meios de comunicação e como chega até o outro sendo absorvido de modo que coloca um sistema mundial em prática: o capitalismo! Mas não pense que a propaganda é a responsável pelos males do mundo, não, ela não é! Os males vêm de comportamentos e ambições, de valores, ou melhor, da falta deles, então não crie antes de ler, um arquétipo de vilão para a propaganda, ela apenas propaga uma mensagem e propagar é mostrar, levar ao outro, comunicar... Se há algo de ruim em alguma propaganda a intenção não é dela e sim de quem a cria: O Homem por trás dela!


Mas não estamos aqui para julgar o ser humano também e sim falar sobre essa necessidade de se comunicar que fez com que a propaganda surgisse meio ao desenvolvimento de novas mídias e estudos de comportamentos que mostraram a capacidade de decodificar mensagem a partir de diferentes meios.
Diz-se que no antigo Egito faziam-se propagandas de produtos agrícolas nas folhas de papiros, assim como arqueólogos acharam muros da antiga Roma pintados com propagandas que promoviam lutas entre gladiadores, tal como foram encontradas rochas nos antigos fenícios em rotas movimentadas com propagandas de seus artigos e uma pintura na parede na antiga Pompéia (devastada pelo vulcão) com o retrato de um político pedindo votos. Vê-se aí, no registro histórico que a propaganda sempre esteve entre nós, deve ter sido uma necessidade a partir da invenção da moeda, da troca monetária, uma necessidade de promover seu produto em comparação a outro, fazendo valer a pena, ser visto, atrair procura, vender realmente, informar ou entreter!

A grande transformação vem em meados do século VX com a invenção da imprensa por Johann Gutenberg em que não apenas mostrou uma invenção que rapidamente se espalharia pela Europa no Renascimento que seria a impressão móvel de livros, como a texturas de papéis e as tintas e suas bases de melhor funcionamento nessa atividade.

 Até mesmo o cinema já teve seu caráter de propaganda no período da Alemanha nazista de Hitler e se prolongou a passar a imagem de seu governo, seus planos e suas metas, atraindo pessoas a seu favor. Mas vale ressaltar aqui que a primeira grande escola que estudou a mídia e seu efeito ou feito no seu público foi a Mass communication Research que se desenvolveu no período entre guerras (isto antes de Hitler, entre a primeira guerra mundial e a segunda). Analisando como esta mensagem codificada em mídias chegava a seus destinatários (público) e como era recebida (como influenciava).

A Mass Communication Research foi a primeira escola de comunicação e condenada por não se importar com a qualidade e sim quantidade, como quanto à personalidade de seu público, se viu alvo de criticas e aperfeiçoamentos que abriram portas a outros grandes estudiosos e outras grandes escolas com o passar do tempo. Porém, para não cairmos no “marasmo” das teorias e escolas de comunicação e ficar um pouco mais dinâmico em nossa leitura, entraremos no processo de se fazer propaganda. Das escolas e teorias da comunicação temos que saber que elas estudam a influência das mensagens midiáticas nas pessoas, quem são essas pessoas, o que querem, a função das mídias, o processo de comunicação, sua linguagem...


E é preciso saber, se orientar, conhecer seu público e o canal de comunicação que se utiliza para construir sua mensagem, ou melhor, no nosso caso, a propaganda! A propaganda mostra um produto, uma empresa, uma ideia, um conceito e tudo isto deve estar nela, como quem diz sem dizer, é estar intrínseco, mostrar sem ser óbvio, mas sem o romantismo da ficção, o fazer de conta, é preciso ser objetivo, sem rodeios, mas sem ser tedioso ou cair na mesmice do dizer.

“A matéria prima da mídia provém dos elementos do imaginário: representações, concepções de mundo, valores, interpretações da realidade. Ocorre que a matéria prima da publicidade provém, igualmente, deste mesmo universo simbólico. O fato das mensagens publicitárias se constituírem em torno dos objetos, não faz com que apenas estes forneçam a tônica do conteúdo simbólico da propaganda. Pelo contrário, é justamente a partir da associação de elementos simbólicos aos produtos e às marcas que se efetiva a eficácia da publicidade.”
(RIBEIRO, 2008, 26ª Reunião Brasileira de Antropologia, BA)

A propaganda não pode apenas vender, apesar desse ser seu objetivo. Ela precisa pegar os elementos ilustrativos de seu produto ou serviço, suas características, o seu universo, o perfil de seu cliente e transpor à mensagem publicitária. Tanto a propaganda impressa como a televisiva (audiovisual) e a radiofônica, precisam conversar todos esses elementos em si.

Além disso, há a necessidade de inserir tudo isso a um momento específico criando-se uma campanha, uma temática em que a propaganda irá se adentrar. Não é apenas jogar uma imagem em um espaço em branco e pronto! O Brainstorming é um direcional para esse processo de elaboração de campanha, de temática, criação de roteiro e slogans. Traduzido como “chuva de ideais”, o brainstorming é uma conversação entre a equipe de criação para filtrar ideias e desenvolva-las, é aí que se encaixa a magia da criação, o definir o universo circundante do produto, da empresa para chegar ao seu consumidor por determinado canal de comunicação (rádio, televisão, jornal, revista, internet...).




Por isso a equipe, a relação entre as pessoas deve ser harmônica e mesmo com cabeças e visões diferentes (o que é bom e não ruim) haver um respeito e uma abertura ao novo, à ideia do outro. Assim como ficar atento às mudanças de mercado, de canais de comunicação, por exemplo, hoje o facebook é um canal inegável de formação de ideia, amostragem de produtos, propaganda, de opiniões e até de venda. 


Falar sem falar, mostrar sem escancarar, insinuar, brincar com os elementos e ousar!








Criar uma propaganda leva todo um processo, processo esse que começamos a detalhara e mostrar aqui, apoiando-se (nos próximos posts) nas nossas campanhas e na rotina da MB, para trazer não apenas o universo da propaganda a você, mas o NOSSO universo. Esta foi uma pré definição do que iremos mostrar, pois para entender a propaganda é preciso entendê-la, seus signos e significados, ler aonde não há letras, conversar e dialogar sem voz, o envolver!


Em breve o universo da MB!!! ;) Boa quarta feira e ótimas criações de roteiros de vidas a todos! - Crie-se também!


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mafalda, uma menina de 50 anos!


Há pessoas que não envelhece, não é mesmo? Mafalda, a eterna menina contestadora de apenas seis anos faz hoje cinqüenta. Hein? Como assim? – Personagens de ficção e tirinhas geralmente nunca crescem (mantendo sua identidade) ficando em um universo estático de sua criação, mas por incrível que pareça o universo de Mafalda não está limitado a década de sua criação.



Criada em 1962 para uma propaganda (quem diria?), mas só veio a ser impressa em 1964 devido ao cancelamento da propaganda, mas seu criador não desistiu da personagem e deu vida a ela no mundo dos quadrinhos.

 Mafalda além de filosófica e questionadora está evidentemente dialogando com sistemas ainda vigentes: sua relação com o mundo adulto e suas visões de instituições e regimes sociais que ainda estão em prática no mundo, não só em sua Argentina, mas em todos os cantos, em geologias de diversas origens, com latitudes e longitudes diferenciadas, o mundo de Mafalda ainda vive e seus questionamentos ainda são coerentes conquistando a todos com suas narrativas criticas e inteligentes. Embora tenha sido criada na ditadura argentina, os textos se adaptam a nós como “luva” e se pararmos para pensar veremos que apesar da ditadura ter acabado tanto lá como no Brasil, há uma deficiência política econômica em nossas democracias que nos faz refletir: Mafalda não é tão criança assim!




O cartunista responsável por Mafalda é Joaquim salvador Lavado, o Quino, hoje com 81 anos. Quino diz que muito de Mafalda vem dele mesmo, de sua visão pessimista e da ilusão de poder mudar o mundo atrás de sua ótica passada pelas falas de Mafalda. Pois bem, se não muda traz pelo menos reflexão, pois para gostar e entender Mafalda, é necessário ter senso critico, humor inteligente e uma leveza que permita ver a ótica do mundo através de uma criança.

Quino e a escultura de Mafalda em Buenos Aires, um dos cartões postais mais fotografados da Argentina. 

E para celebrar os 50 anos dessa menina tão sagaz, selecionei algumas tirinhas dela relacionadas à televisão, já que este é um dos meios midiáticos que utilizamos para nos comunicar e transmitir mensagens com maior alcance ainda no mundo de público.


Então diga nos querida Mafalda, o que você acha da televisão? 








E nosso parabéns a você!